Ferrovias
Estrada de Ferro
Estrada de Ferro
Na segunda metade do século
XIX, uma das mudanças ocorridas, com base no saber científico, na região
da Baixada Fluminense foi a construção das estradas de ferro. Os
caminhos de ferro começavam pelo
Campo da Aclamação, atual Praça da República.
Essas construções ocasionaram algumas modificações na região. Dentre
elas, o deslocamento do fluxo de mercadorias do
Porto Estrela para o
Porto da guia de Pacobaíba,
transformando em estação ferroviária, e o gradativo abandono do
transporte fluvial.
Em meados da segunda metade do século XIX, as terras da baixada serão
cortadas por outro empreendimento ferroviário: a
Estrada de Ferro D. Pedro II, que
partia do
Campo da Aclamação até a
Estação de Queimados (1858) e,
finalmente, até a estação de Belém (Japeri) em 1859. Esta ferrovia tinha
por objetivo o escoamento da
produção cafeeira, embora as
fazendas de café da Baixada Fluminense não tivessem constituído um polo
importante de produção deste produto.
A construção da estrada influenciou a organização econômica e social da
região; serviu aos interesses de poucos (em particular os donos dos
cafezais de Tinguá), pois a maioria dos fazendeiros locais era
representada por produtores de açúcar ou produtores de gêneros para
revenda na capital. Mas a economia açucareira entraria em declínio, os
antigos engenhos de açúcar movidos à tração animal ou força hidráulica,
foram sendo substituídos pelos engenhos a vapor; tal produção perde
força também devido ao esgotamento de solos ocupados, que logo foram
substituídos pela região de
Campos dos Goitacazes.
Além da organização econômica e social, alguns outros aspectos são
importantes para o entendimento da relação entre as estradas de ferro e
a região. Um deles diz respeito aos
procedimentos técnicos,
a falta de
estudos iniciais sobre a região na qual se assentavam os primeiros
trilhos significativos para o processo de modernização do país pode ser
considerada típica deste primeiro empreendimento. A exemplo disto, os
pântanos da região e seus rios que
não tardaram a deixar suas marcas nos
problemas que envolviam o funcionamento da
estrada.
Ocorreram alguns acidentes na Estrada de Ferro D. Pedro II, trazendo
prejuízos materiais e também ambientais. O primeiro destes diz respeito
à falta de preparo técnico dos engenheiros que, na projeção da estrada,
já teve como consequência o fato da própria se tornar uma barreira
dificultando o escoamento das águas da região. O outro problema se
refere ao
desmatamento das florestas da
região para obtenção de lenha, tanto para os "novos engenhos a vapor"
quanto para as ferrovias, levando tal ambiente à quase desaparecer
devido aos trilhos e aos engenhos.
No relato
Charles Ribeyrolles,
pode-se perceber aspectos relevantes. Um deles é a percepção, por parte
dos habitantes da região, da
decadência da Baixada Fluminense
devido às estradas de ferro. Municípios como Estrela e Iguaçu iniciaram
um processo de estagnação econômica que os levou ao desaparecimento. No
entanto, outras vilas no rastro dos trilhos do trem se formaram, como
Maxambomba, atual Nova Iguaçu.
Em relação ao processo de modernização do país, a Baixada Fluminense
serviu, por assim dizer, de assento e combustível para seus trilhos. O
progresso passou deixando em seu rastro a imposição de uma nova
organização político-social que deixou marcas na
paisagem da região.